**Capítulo: O submundo de Santo Domingo**
Santo Domingo era um lugar cheio de gente pobre, um verdadeiro buraco onde os apagões eram frequentes. Era uma área industrial? Bom, Lin Wen também não tinha certeza.
A verdade é que sempre havia feridos por ali, mas o negócio dele nunca tinha decolado de verdade.
Quando aparecia algum cliente, era só pra ganhar dois ou cinco euros. Para ser sincero, aquele implante pulmonar ali não era nada barato. Se ele revendesse, dava pra tirar pelo menos algumas centenas de euros.
Seria uma boa virar um médico de ciborgues?
Não… Melhor não. Com o jeito que ele mexia nas coisas, só ia acabar matando metade dos malucos que se modificavam por aí.
Enfim, implantes de órgãos nunca eram baratos.
Precisava juntar mais dinheiro. Agora, diferente de antes, ele não estava mais sozinho.
Num mundo podre como esse, encontrar alguém que realmente se importava com ele era raro. Lin Wen não ia desperdiçar essa sorte.
– Eu… Eu só vim aqui para conseguir informações – O homem tremia, os olhos escondendo algo nas sombras. – As gangues dessa área foram todas limpas da noite para o dia. Vários grupos perderam o controle, mas o estranho é que ninguém tomou o lugar. Algumas pessoas ficaram curiosas... Eu só fui contratado para descobrir o que aconteceu.
– Pegar informações? – Lin Wen ergueu uma sobrancelha, sarcástico. – Precisa trazer uma dúzia de caras armados até os dentes pra isso?
Ele balançou o gancho, arremessando o implante pulmonar sobre a mesa engordurada e suja. Em seguida, apertou a cabeça do homem contra a superfície, enquanto o gancho se transformava em uma arma negra. A ponta gelada deslizou pelo pescoço do homem, limpando o sangue grudento.
Lin Wen sorriu, afável.
– Levanta a cabeça.
Ao redor, o cenário era macabro. O chão estava coberto de membros decepados, sangue e óleo de máquina. Nas paredes, manchas vermelhas e borrões esbranquiçados formavam uma pintura grotesca – uma obra de arte sangrenta e peculiar.
Afinal, era preciso dezenas de vidas para criar algo assim. Claro que era arte.
Naquela sala apertada, o cigarro de Lin Wen não era suficiente para disfarçar o cheiro de morte.
A fria pressão da arma e o toque gorduroso do implante fizeram o homem estremecer. Vendo o sorriso sereno de Lin Wen, ele gaguejou:
– O intermediário avisou que a área era perigosa… Eu só me previni, trouxe mais gente…
– Você ainda está mentindo para mim. – Lin Wen suspirou.
– É verdade! Tudo o que eu disse é verdade! – O homem gritou, os olhos arregalados de terror ao perceber o tom de despedida na voz do outro.
– Não. Nós dois sabemos que você está cheio de mentiras.
– Você tá se aproveitando porque eu não sou um hacker, né? – Lin Wen encostou o pé na testa do homem, empurrando a cabeça para trás. – Você acertou. Eu realmente não sei nada dessas coisas. Invadir sistemas, implantes cerebrais, matar alguém só com um olhar… Nada disso. Sou burro demais pra aprender.
O homem pareceu se aliviar por um momento.
– Mas… – Lin Wen olhou para ele, o sorriso se tornando sinistro.
O rosto achatado do homem franziu em confusão.
– Hã?
A arma negra se transformou em uma lâmina. Um clarão prateado cortou o ar.
A cabeça rolou no chão, parando aos pés de Lin Wen. Os olhos ainda estavam cheios de perplexidade.
*Aquilo… é meu corpo?*
*Faz quanto tempo que não me olho no espelho? Eu… era tão grande assim?*
*Eu mesmo me transformei nisso?*
Primeiro, um fio de sangue escorreu do pescoço decepado. Depois, um jorro vermelho jorrou como uma fonte.
Lin Wen levantou-se, pegou a cabeça e começou a vasculhar as informações.
Demorou um bom tempo até ele encontrar um telefone no meio da bagunça.
É, mais uma certeza na vida: ele nunca seria um hacker.
Lin Wen: *Gostou do meu QI de 3?*
A ligação atendeu. Do outro lado, uma voz cortante falou primeiro:
– Como estão as coisas? Descobriu algo?
– Esse cara, Queixo-de-Osso… é seu? – Lin Wen respondeu.
– Quem é você? – A voz ficou gelada. – O que você fez com o Leon?
– Você está atrás de mim e não sabe quem eu sou? – Lin Wen brincou com a cabeça, os olhos ainda fixos na expressão de confusão e desespero.
Silêncio.
– Diga o meu nome, atravessador. – Lin Wen falou friamente.
O homem suspirou.
– Você está vivo mesmo… Eu posso compensar você. Peça o que quiser.
– Eu disse: **diga o meu nome**.
– Eu só trabalho para os outros. Quem quer informações sobre você é a corporação, são os caras da *Militech*. Só posso te dizer isso… Por favor, perdoe o meu erro.
– Tá surdo? – Lin Wen cortou.
– O que você quer que eu faça?! Eu posso compensar, senhor! Como você mesmo disse, sou só um intermediário insignificante… Só cumpro ordens, só repasso mensagens. E eu mandei o Queixo-de-Osso sozinho! Não sabia que ele ia te ofender, senhor… Água passada não move moinho…
Se o tal Leon ainda estivesse vivo, ficaria chocado.
Porque, para os mercenários, aquele homem era uma figura implacável, um fantasma perigoso e imprevisível.
Mas agora, ele parecia um rato acuado, prestes a se ajoelhar e suplicar.
Lin Wen ficou em silêncio.
Do outro lado, a respiração ficou ofegante, inquieta.
Finalmente, ele falou:
– Cem mil euros. Se faltar um centavo, eu mesmo vou te buscar.
Era uma fortuna, mas a resposta veio imediata:
– Obrigado! Obrigado! Vou mandar alguém transferir agora!
– Mais uma coisa. O lugar aqui ficou sujo. Manda alguém limpar. – Ele olhou para os destroços espalhados pelo chão.
– Sem problemas! Mas a minha gente…
– Eles podem entrar. Santo Domingo é mais tranquilo que os outros bairros… Mas cuidado com os malucos.
Enquanto vasculhava os corpos, coletando peças úteis, Lin Wen completou:
– E só.
Quando desligou, ele já tinha um monte de peças no colo.
Além da prótese de queixo de metal do sujeito "Queixo de Osso", as peças dos capangas que ele trouxe eram todas um lixo completo. Era de se imaginar — esses pobres coitados da periferia colocam umas placas de ferro no corpo e já se acham cyberpunks, pensando que são os mais fodas. Se revoltam e acham que podem até parar balas... mas na real, essas placas não servem pra nada. No entanto... ainda valem alguns eddies.
Jogadas em sacos e penduradas na parede, Lin Wen não se preocupava que roubassem. Ele sabia que os capangas mandados por aquele cara não teriam coragem de mexer nas coisas dele.
Em seguida, Lin Wen fez uma ligação.
— Alô? Você vai...
Glória podia ser insistente pra caramba, então Lin Wen rapidamente a interrompeu, com uma voz cabisbaixa e melancólica:
— Glória... acho que não tenho onde dormir hoje.
— O que? O que aconteceu? Você está bem? — a voz do outro lado ficou imediatamente preocupada. — Eu vou aí agora!
Ouvir alguém se importando com ele nessa cidade de merda deixou Lin Wen com um calorzinho no peito. Mas, ao ouvir que Glória queria vir, ele deu uma olhada ao redor e rapidamente recusou:
— Tá tranquilo, tá tranquilo! Na real, eu tô de boa. Só queria saber se posso dormir aí hoje.
— O David vai estar em casa...
— É só você me abrir a porta escondido.
— Tá... mas você vai dormir no sofá.
Lin Wen sorriu, mostrando os dentes:
— Beleza.
Dormir no sofá?
Tá de brincadeira!
Depois é só entrar escondido mesmo.
Afinal, não era a primeira vez que fazia isso.
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[NOTA DO AUTOR]
Depois de assistir *Cyberpunk: Edgerunners*, fiquei com o coração acelerado e quis escrever algo.
Vou ser sincero: foi meu primeiro anime no tema cyberpunk, e não entendo muito da cultura (mas estou correndo atrás!). Queria ter escrito no dia 18, mas faltava conhecimento. Agora, depois de mergulhar no assunto, me sinto mais confiante.
Joguei *2077* na época, mas só por vídeos (lembro do canal do *Moumak*). Como faz tempo, esqueci muita coisa.
Resolvi baixar o jogo pra me aprofundar. Não preciso ser expert em cyberpunk, mas pelo menos entender o mundo de Night City, né?
Aí instalei...
E DEU MERDA!
Meu PC não aguenta! Mal abro o jogo e ele crasha. Atualizei sistema, drivers, GPU... Só consigo criar personagem. Na hora de entrar no jogo, BUM! Travou tudo. QUE ÓDIO!
Galera, se algo no texto parecer fora do lugar, comentem. Se for relevante pra história, eu ajusto. Aceito dicas também — até porque 28 horas de vídeo no Bilibili (mesmo acelerado)... é osso. Mas eu vou ver!
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### CAPÍTULO 2: NIGHT CITY
— MÃE!
Pela manhã, David, já arrumado para a escola, andava na ponta dos pés pra não acordar Glória. Mas, ao avistar o homem deitado no sofá da sala, seus olhos reviraram e ele gritou:
— Mãe!
— Hã? O que foi, David? — O homem no sofá cobriu um bocejo com a mão, esfregando os olhos como quem acabou de acordar. O cobertor escorregou, revelando seu torso nu — sem nenhum traço de implantes cibernéticos. Apenas um cara bonito, normal...
Mas em Night City, rostos bonitos são o que menos vale. Se quiser um visual maneiro, é só trocar de cara! E com esse corpo frágil e "natural", nem de acompanhante ele serviria — essa *city* tá cheia de tarados, e o mercado de *joytoys* não perdoa.
— Lin Wen, você me pergunta o que foi? — David apontou para ele, cada palavra saindo cortante. — Eu já falei: você NÃO pode mais vir aqui. NÃO. PODE.
Lin Wen agarrou o pulso de David e, com um movimento suave, o puxou para o sofá.
— Moleque, já tá me tratando assim? Tá na fase rebelde, é? — Encolerado, ele envolveu David num abraço forçado.
Caramba, ele criou esse pirralho!
— Sai fora! — David tentou se soltar, mas não conseguiu. Restou-lhe cruzar os braços, irritado.
— Glória já te contou?
— Contou o quê? Que você quer morar aqui? Ou que quer mesmo ser meu "padrasto"? — David bufou.
— Bem, ser seu padrasto não seria tão... — Lin Wen deu um sorriso provocador, mas, ao ver a fúria no rosto de David, se corrigiu:
— Olha, David... Essa cidade tá cheia de crianças largadas, sem pais, criadas em orfanatos. Qualquer descuido, elas morrem. Algumas até viram estrelas de *braindances* de tortura.
Você tem sorte. A Glória nunca te abandonou, mesmo com toda dificuldade. Se eu puder ajudar ela com você, aliviar um pouco o peso...
— Isso não seria bom? — Lin Wen sorriu.
Esse mundo já era. Mães como Glória são raras. Nas classes altas de Night City até tem famílias "perfeitas", mas entre os pobres... *Hah*.
E essa história de *braindances* com crianças? Não é invenção. Lin Wen viu com os próprios olhos. E ficou puto.
David revirou os olhos de novo.
— Se você ajudasse com dinheiro, até dava pra considerar. Mas você é um parasita. Suga ela até o talo, e ela já sofre demais.
David encarou Lin Wen com um olhar sério e disse:
— Se você ainda tem um pingo de honra, vá arrumar um emprego. Pode ser até humilde, mas é melhor do que continuar aí na sua clínica de fundo de quintal, sugando o sangue da mulher que te sustenta.
Ele fechou os punhos e acrescentou, a voz carregada de frustração:
— Se fosse comigo... Se não fosse ela sempre me segurando... Eu já teria feito algo da vida lá fora, com certeza.
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