Capítulo 12
Cá Huaiye passou os dedos pela pulseira. Mesmo sem levá-la ao nariz, seus sentidos apurados como Alpha captavam claramente o aroma de Lin Xun — um frescor de campo após a chuva — que agitava seus nervos.
A porta atrás dele se abriu. Cá Huaiye apertou instintivamente o objeto nas mãos e virou-se para o mordomo à entrada.
— Algum problema?
— Jovem mestre, o jantar está servido.
— Ah, certo.
Relaxando, Cá Huaiye amarrou a pulseira no pulso e seguiu o mordomo escada abaixo.
Lin Xun já estava sentado à mesa quando o ouviu chegar. Ao se virar, seus olhos encontraram os dourados de Cá Huaiye. Notou que, embora da mesma cor, os do tigre branco eram mais puros, fáceis de ler, enquanto os do homem carregavam complexidades que ele não conseguia decifrar.
Sorriu e acenou.
— O senhor Cá acabou de chegar?
O pequeno Omega parecia ter saído do banho, seu rosto pálido tingido de róseo, olhos negros límpidos e vivos como os de um espírito que por acaso despencara no mundo dos homens.
— Hm.
Cá Huaiye sentou-se ao lado dele. Ao pegar o guardanapo, seu pulso ficou exposto.
Lin Xun avistou a pulseira e seus olhos brilharam, cantos da boca erguendo-se. A pele clara do homem combinava com as listras azuis e brancas, emanando uma elegância nobre — longe de parecer afeminado. Mas, lembrando do material daquilo, Lin Xun sentiu o rosto esquentar.
Decidiu fingir que não vira. Melhor evitar constrangimentos.
Só que o avô Cá, sentado à cabeceira, tinha olhos afiados.
— O que é isso no seu pulso?
Cá Huaiye hesitou com os talheres, erguendo os olhos para Lin Xun, que baixou os olhos para o prato.
— Uma pulseira.
— Desde quando você gosta dessas coisas? Está na moda? De que marca é? Ficou bonita.
Lin Xun, curioso com a resposta, olhou para Cá Huaiye no momento exato em que seus olhares se cruzaram.
— Feita à mão. Única no mundo.
— Edição limitada, hein? Bom, um acessório faz bem, quebra a monotonia. O que acha, Xiao Xun?
O coração de Lin Xun deu um pulo. Elogiar a si mesmo era... complicado.
— Também acho que ficou ótima no senhor Cá.
Cá Huaiye curvou os lábios.
— Ah, é?
A voz baixa carregava um significado que só os dois compreendiam, fazendo Lin Xun corar. Desviou o olhar, assentindo rápido.
— É, é... O robalo no vapor hoje está ótimo.
— Se o jovem gostou, pode repetir — disse o mordomo, servindo-o com um sorriso paternal.
Lin Xun, que comia apenas uma tigela, acabou cedendo à insistência e repetiu.
Após o jantar, ele passeava pelo jardim para fazer digestão enquanto Cá Ting chamava o neto para a biblioteca.
— Como tem se sentido esses dias?
— Bem.
O avô ficou em silêncio.
— Você sempre diz isso. Não sei mais se é verdade ou só para me tranquilizar.
Seus olhos pousaram em Lin Xun, e um lampejo de alívio surgiu nele. Pelo menos o neto não rejeitava o Omega. Havia esperança.
— Dessa vez é verdade.
A voz de Cá Huaiye estava mais suave do que o habitual, mas seus olhos dourados permaneciam impenetráveis.
Cá Ting, sensível às mudanças no humor dele, surpreendeu-se. Seguiu o olhar do neto e captou onde se fixava, mas não comentou.
— Que bom.
Quando Cá Huaiye retirou-se para o quarto, o avô desceu apressado e encurralou o mordomo no canto. Exigiu saber se ele notara interações secretas entre os dois.
O mordomo, regador na mão, pensou um momento e contou sobre o ocorrido mais cedo:
— Bati várias vezes na porta, mas o jovem mestre não respondeu. Quando entrei, ele pareceu surpreso e segurava algo — talvez a pulseira. Ou não.
Cá Ting franziu os olhos. Um Alpha de nível 5S como Cá Huaiye ouviria até os passos do mordomo subindo as escadas. Não responder e ainda se assustar? Alí havia coisa.
— Essa pulseira... — O avô sorriu, pegou o regador das mãos do mordomo e saiu assobiando, deixando o pobre homem confuso.
O que tinha aquela pulseira?
De volta ao quarto, Lin Xun encontrou o tigre branco deitado ao pé da cama, cauda balançando em expectativa. Ao vê-lo, o animal levantou-se imediatamente e veio esfregar a cabeça em suas pernas.
Lin Xun, de shorts, riu do cócegas, ajoelhando-se para acariciar a fera até o celular tocar. Sentado no chão, ele folheou as mensagens de Xiong Ni:
— Xun, qual destes trajes você prefere?
As fotos mostravam opções quase idênticas, variando apenas em cores.
— O preto.
Sempre seguro.
Xiong Ni enviou outra imagem: um traje branco cravejado de strass, brilhante como árvore de Natal.
— E este? Iria arrasar na festa de recepção!
Lin Xun não teve tempo de responder antes da próxima mensagem:
— Xun! Yu Bin também quer este! Diga logo se gosta, ou eu brigo por ele!
Lin Xun suspirou.
Não valia a pena o esforço. Mas a lealdade de Xiong Ni comoveu-o.
— Obrigado, mas fico com o preto mesmo. Se ele quer tanto, deixe-o levar.
— Economizar energia na festa de boas-vindas é tarefa para os outros, não para mim — murmurou Lin Xun, desinteressado.
— Se você não gosta, tudo bem. Já paguei por você e amanhã levo direto na escola — ofereceu Xiong Ni, sempre solícito.
— Quanto foi? Te transfiro agora.
— Melhor assim.
No dia seguinte, Lin Xun pegou carona com Gu Huaiye até a universidade. Quando o carro partiu, o motorista comentou:
— Ouvi dizer que o diretor Guan Shan virá pessoalmente à festa de boas-vindas no fim de semana. Tomara que o jovem mestre Lin consiga chamar sua atenção.
Gu Huaiye ergueu as sobrancelhas:
— Como você ficou sabendo disso?
— Sou fã do diretor Guan, senhor Gu. Sempre acompanho as notícias sobre ele.
Sem questionar mais, Gu Huaiye chamou seu assistente Lei Ke ao chegar no escritório:
— Prepare um traje de gala para Lin Xun. Se não souber as medidas, consulte o tio Liu.
Lei Ke surpreendeu-se com o pedido inesperado, mas como bom assistente, manteve a discrição:
— Apenas um traje?
Gu Huaiye hesitou por um instante antes de entender a sugestão:
— Melhor dois.
Assim, se Lin Xun não gostasse de um, teria opção.
*
No fim de semana, Lin Xun chegou pontualmente ao salão de festas. Xiong Ni correu para abraçá-lo:
— Lin! Já comeu? Os doces ali são incríveis, dignos de um chef cinco estrelas!
— Já começou a comer antes da festa? — riu Lin Xun.
— Hehe, ainda não provei tudo. Vamos juntos? Estou morrendo de vontade de experimentar a lagosta — disse Xiong Ni, esfregando as mãos.
Lin Xun também havia vindo de estômago vazio, curioso para provar o banquete que tanto empolgava o amigo. Observando os convidados elegantemente vestidos, perguntou:
— O diretor Guan Shan já chegou?
— A festa nem começou direito, ele não viria tão cedo — respondeu Xiong Ni antes de arregalar os olhos. — Você não sabe como o diretor Guan é?
Lin Xun provou um pedaço de bolo, macio e na medida certa de doce:
— Nunca prestei atenção.
— Como pode estudar cinema e não conhecer o diretor Guan Shan? — Xiong Ni quase engasgou. — Nossas aulas usam os filmes dele como referência! Ele ganhou o Prêmio Palme d'Or três vezes seguidas, o Prêmio Wutong de Melhor Diretor, e o Prêmio Que Shan foi criado em sua homenagem!
Vendo o amigo tão animado, Lin Xun sorriu:
— Você mudou bastante. Ontem até enfrentou Yu Bin pela roupa.
Xiong Ni corou, os olhos negros piscando nervosos.
Lin Xun deu um tapinha em seu ombro:
— Foi bom ver você assim.
— Sério? — perguntou Xiong Ni, hesitante.
— Claro. Agora posso ficar tranquilo quando você sair sozinho.
Xiong Ni soltou um grito e o abraçou:
— Lin! Você se preocupa comigo? Estou tão feliz!
O jovem Omega ficou tão eufórico que quase saltou no lugar. Lin Xun, embora surpreso pelo abraço repentino, não o afastou.
— Heh, Lin Xun, está tão pobre que só veste trapos agora? Combina bem com o urso fedorento — a voz desagradável de Yu Bin ecoou atrás deles.
Xiong Ni virou-se, indignado:
— Yu Bin, sua boca é um esgoto!
O insulto inesperado deixou Yu Bin atordoado por um instante. Lin Xun observou o traje do rival, cravejado de strass que brilhavam sob as luzes.
— Não sabia que você era um ambientalista — comentou, piscando.
Yu Bin ignorou Xiong Ni para encarar Lin Xun:
— O que quer dizer?
— Exatamente o que falei. Olhe para você, tão brilhante que deve estar economizando a energia da festa inteira!
A voz suave de Lin Xun e seu olhar inocente contrastavam com a ironia da frase, fazendo um convidado próximo soltar uma risada. O rosto de Yu Bin escureceu instantaneamente. Xiong Ni, atrás de Lin Xun, vibrou internamente.
— Se eu pareço um poste de luz, você parece um mendigo! — Yu Bin revidou. — A família Lin está tão falida assim? Nem o apoio dos Gu te livra desses trapos baratos!
Apontou para o centro do salão:
— Veja Ling Yun. Um verdadeiro jovem da alta sociedade. Seu traje é a peça única da coleção do estilista Luo Fei, avaliada em 18 milhões. Todos aqui o admiram.
— Entendo — respondeu Lin Xun, indiferente. — Mas o que isso tem a ver com você? Seu traje também é alugado, não?
Yu Bin engasgou de raiva antes de sorrir com malícia:
— Acho que você não ouviu... A família de Yi Xuan propôs um casamento arranjado com os Ling. Em breve, ele e Ling Yun estarão juntos. Quando isso acontecer...
— Não invente! — interrompeu Lin Xun, elevando levemente a voz. — O próprio Ling Yun disse publicamente que não tem nada com Yi Xuan. Ele ficaria furioso com esses rumores.
Como planejado, Ling Yun, que passava próximo, aproximou-se ao ouvir seu nome:
— Estão falando de mim?
Vestido impecavelmente e com a pele imaculada para impressionar o diretor Guan, Ling Yun sorria com elegância.
— Ling Yun, Yu Bin disse que você e Yi Xuan vão se casar — anunciou Xiong Ni. — Mas não acreditamos!
A menção ao casamento arranjado fez o sorriso de Ling Yun rachar levemente. Afinal, era verdade que as famílias estavam negociando nos bastidores.
Ele nunca tinha concordado de verdade. Brincar com Yixuan era uma coisa, mas levar a sério? Nem pensar. Ele ainda não tinha alcançado o estrelato no mundo artístico. Casar cedo seria como cavar a própria cova — e ele não era burro a ponto de cometer um erro desses.
— O que você está inventando? — ele rosnou para Yu Bin, lançando um olhar fulminante.
Yu Bin ficou chocado com a repentina mudança de atitude de Ling Yun:
— Ling Yun, eu fui testemunha de você e Yixuan juntos. Como você pode…
— Yu Bin, você bebeu demais. Cuidado com o que diz — Ling Yun cortou, frio. — Yixuan e eu somos apenas amigos. Só isso.
Yu Bin ficou paralisado, sem acreditar no que ouvia.
Enquanto isso, Lin Xun bocejou discretamente no canto. [Que tédio. Melhor ter ficado em casa acariciando o gato.]
De repente, um burburinho animado surgiu na entrada, atraindo todos para lá. Xiong Ni puxou a manga de Lin Xun:
— Será que é o diretor Guan Shan?
Ao ouvir isso, Ling Yun esqueceu imediatamente de brigar com Yu Bin e correu em direção à porta.
Mas antes que ele chegasse, um Alpha imponente, vestindo um traje prateado, apareceu no salão. Alto, com postura majestosa e olhos dourados que varriam a multidão, até se fixarem em um único ponto.
No instante em que Gu Huaiye surgiu, Lin Xun acordou de vez.
E quando o homem começou a caminhar em sua direção, Lin Xun só conseguiu pensar:
[... Ah, merda.]
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