Finalmente tive a chance de encontrá-lo hoje e não podia deixar de perguntar. Quem sabe não havia alguma oportunidade de alcançar a divindade?
Afinal, já fazia dez mil anos que o Continente Douluo não via o surgimento de um deus. As divindades haviam se tornado meras lendas aos olhos das pessoas — seres distantes e inalcançáveis.
— Todos calem a boca! Este é meu neto, afastem-se! — Qian Daoliu franziu a testa ao ver a multidão cercando Qian Yu com perguntas sem fim, sua voz grave ecoando como um trovão.
Os presentes trocaram olhares e, compreendendo a mensagem, recuaram prudentemente.
Qian Renxue aproveitou uma brecha na multidão e correu para pegar Qian Yu nos braços.
— Vovô, você foi muito rude! Assustou o Xiaoyu! — Ela lançou um olhar reprovador para Qian Daoliu antes de se voltar para Qian Yu com um sorriso gentil. — Xiaoyu, não tenha medo. Ignore esses velhos ranzinzas. Conte-me, qual deus lhe concedeu sua atenção? Será que é mais poderoso que o Anjo Divino de nosso Templo Martial?
Sua voz era suave, mas carregada de preocupação. Afinal, aquela energia divina sombria e destrutiva não parecia nada benigna. Será que Xiaoyu havia chamado a atenção de algum deus das trevas?
O pensamento a fez apertar inconscientemente os braços em torno do menino.
Qian Yu olhou ao redor, hesitou por um momento e respondeu:
— O nome dele é Deus da Destruição.
— Deus da Destruição?
Os presentes ficaram perplexos. Nunca haviam ouvido falar de tal divindade nos textos antigos. E esse nome... certamente não soava como algo benevolente. Seria algum tipo de deus maligno?
Os olhos de Qian Daoliu brilharam com um lampejo de letalidade. Se fosse realmente um deus das trevas que ameaçasse o Templo Martial, ele não hesitaria em agir.
— Xiaoyu — sua voz era calma, mas carregada de perigo —, poderia nos explicar melhor sobre esse Deus da Destruição? Quais são seus poderes e ensinamentos?
Qian Yu se encolheu no colo de Qian Renxue, assustado.
— Vovô, você está assustando ele! Ele é apenas uma criança, não pode saber tudo! — Qian Renxue protegeu o irmão mais novo, acariciando sua cabecinha com ternura.
Qian Yu sabia que, se não explicasse direito, seria marcado como um seguidor de deuses malignos e visto como inimigo do Templo Martial.
— O Deus da Destruição — disse ele com seriedade —, também conhecido como Rei da Destruição, é um dos Cinco Reis Divinos do Mundo Divino. É um dos deuses mais antigos e tem o dever de julgar as outras divindades e governar o Mundo Divino.
Rei da Destruição! As palavras ecoaram como um trovão, deixando todos em silêncio. Os olhares voltados para Qian Yu estavam cheios de admiração.
Qian Renxue perguntou, curiosa:
— Xiaoyu, então o Anjo Divino de nosso templo também é um Rei Divino?
— Xue'er, que pergunta é essa? Claro que nosso Anjo Divino é um Rei Divino! Não pode ser inferior a esse tal Rei da Destruição! — Qian Daoliu interveio, incapaz de permitir que sua divindade fosse menosprezada.
— Não é — Qian Yu destruiu suas esperanças sem hesitar. — O Anjo Divino é um deus de primeiro nível. No Mundo Divino, a hierarquia vai de oficiais divinos, deuses de terceiro nível, segundo nível, primeiro nível e, finalmente, Reis Divinos. Deuses de primeiro nível são chamados de deuses principais, logo abaixo dos Reis Divinos. E o Deus da Destruição está muito acima disso — seu poder e status estão além do alcance de qualquer deus principal.
As pessoas ficaram desapontadas, mas ao se lembrarem daquela luz púrpura que cobrira o céu, logo se conformaram. Afinal, quem eram eles para questionar os desígnios dos deuses?
Qian Daoliu, no entanto, sentiu um nó no peito. O deus em que acreditara a vida toda era apenas um deus de primeiro nível? Isso significaria que o Anjo Divino teria que obedecer ao Deus da Destruição?
— Xiaoyu — ele mudou de assunto, reprimindo seu desconforto —, e seu espírito marcial? Por que é tão poderoso?
— Meu espírito marcial se chama Dragão Verdadeiro.
Ele decidiu não mencionar o espírito do Anjo Caído — era um assunto muito delicado.
— Dragão Verdadeiro? Que nome simples!
Todos esperavam algo mais pomposo, como Dragão da Luz Sagrada, Dragão Dourado ou Dragão Primordial. Mas apenas "Dragão Verdadeiro"?
Vendo suas expressões, Qian Yu explicou:
— O Dragão Verdadeiro é o líder das Dez Bestas Primordiais. Para merecer esse título, é preciso derrotar todos os dragões e ganhar seu reconhecimento.
O mais forte entre os dragões!
Os olhos de todos se arregalaram. Até mesmo Qian Daoliu, com toda sua experiência, ficou impressionado. Eles não sabiam exatamente o que eram as Dez Bestas Primordiais, mas se até mesmo o Trovão Azul do Dragão de Raio — com apenas um vestígio de sangue dragônico — era considerado o melhor espírito de besta... então o Dragão Verdadeiro devia ser algo verdadeiramente assustador.
— Hahaha! Parabéns, Grande Sacerdote, por ter um neto tão extraordinário! Nosso Templo Martial será ainda mais poderoso — talvez até alcance o topo do Mundo Divino! — O Quarto Sacerdote, o Dou Luo do Leão, ria animado.
— Exatamente! Xiaoyu certamente se tornará um governante divino. E então nosso templo poderá ascender como uma força dominante no Mundo Divino! — O Segundo Sacerdote, o Dou Luo do Crocodilo Dourado, olhava para Qian Yu com fervor.
Os outros sacerdotes se juntaram aos elogios. Se Qian Yu realmente se tornasse um Rei Divino, quem sabe eles não poderiam ganhar a imortalidade como oficiais divinos?
Qian Daoliu ouvia tudo com satisfação, mas mantinha sua postura digna. Com um gesto, silenciou a todos.
Aqui está a tradução e adaptação do capítulo para o português brasileiro, com diálogos naturais e linguagem acessível:
–– Ainda é cedo para tais afirmações. Embora Xiaoyu tenha conquistado o favor dos deuses, o caminho para a divindade ainda é longo – declarou Qiandaoliu, com voz ponderada.
–– Além disso, não conhecemos as regras do mundo divino. Cuidado com palavras precipitadas que possam ofender os deuses superiores. As consequências seriam imprevisíveis.
O Grande Sacerdote mal podia acreditar na ousadia dos colegas. Pensar em levantar todo o Templo de Espíritos até o reino divino? Que ideias absurdas!
No entanto, refletiu que quando Xiaoyu se tornasse um deus, seria bom ter servidores. Pelo menos para protegê-lo de possíveis humilhações por parte de outros Reis Divinos.
Escondendo um sorriso de satisfação, Qiandaoliu mal podia conter a alegria. Quem não gostaria de ter um neto como Rei Divino? Em seus anos crepusculares, que honra inesperada!
"O sangue dos Qiandaoliu é verdadeiramente abençoado pelos céus!", pensou.
Aproximando-se do bebê, tomou Qianyu dos braços de Qianrenxue e o ergueu triunfalmente:
–– Ha-ha! Meu neto Qianyu tem o potencial de um Rei Divino! Como o Templo de Espíritos não prosperaria?
Qianyu: "..."
[Melhor não dizer isso... Lembra do que aconteceu com Wangteng quando disseram que ele tinha potencial para ser Imperador?]
Os presentes sorriam, criando uma atmosfera festiva. Foi então que, num piscar de olhos, uma figura surgiu como um raio e arrancou Qianyu dos braços de Qiandaoliu antes que ele pudesse reagir.
–– Ha-ha! Seu maldito, como você me fez procurar! Tenta fugir agora! – gritou Bibidong, com risada frenética, os olhos ardendo de ódio enquanto estrangulava o pescoço do bebê.
–– Mã... mãe... – o pequeno Qianyu engasgou, sentindo os dedos da mulher apertarem com força brutal, quase esmagando sua garganta.
–– Cale a boca! Você não tem direito de me chamar assim! – rosnou Bibidong, apertando ainda mais.
–– Bibidong, o que está fazendo? Ele é seu filho de sangue! – Qiandaoliu avançou, horrorizado.
–– Filho de sangue? – A gargalhada de Bibidong cortou como gelo. – Se fosse realmente meu filho, por que carregaria esse sangue nojento dos Qiandaoliu?
Enfurecida, ela desferiu uma palmada violenta que arremessou Qianyu contra o chão.
–– Mãe, não! – Qianrenxue tentou proteger o irmão, mas foi repelida por uma onda de energia espiritual que a deixou pálida e cambaleante.
–– Qiandaoliu, controle sua neta! Como educo meu filho não é da sua conta – cuspiu Bibidong. – Já combinamos: Qianyu fica comigo, e aquela bastarda de Qianrenxue fica com você. Como ousa interferir novamente?
Cada palavra pingava veneno. Noites sem dormir, humilhação insuportável – tudo por culpa desse velho traiçoeiro!
Qianyu jazia no chão, vomitando sangue, com um horrível buraco sangrando no abdômen. Ao ver aquilo, Bibidong hesitou, a fúria dando lugar a uma dor inexplicável.
Aquele vermelho vivo a perturbou mais do que esperava, despertando uma pontada estranha no peito.
"Não estou errada! Se esse desgraçado não tivesse fugido, eu não precisaria bater nele! A culpa é toda dele!", insistiu consigo mesma, tentando afogar o remorso.
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