— Esse método de treinamento pode não ter sido dominado por ninguém ainda, mas pelo menos a direção geral está correta — respondeu Baishi com seriedade.
— ... — a mula preta ficou em silêncio.
Enquanto conversavam, Baishi sentiu o estômago roncar novamente. Ao olhar para o céu, percebeu que já era meio-dia sem que ele notasse.
Comeu o resto da carne que tinha e praticou um pouco mais suas técnicas com a faca antes de ir até o rio lançar suas redes para pescar.
O jantar teria que ser feito com os peixinhos que não serviam para vender — os que ele chamava de "filhotes".
Mas, ao olhar para a habilidade [Pesca] marcada com o caractere "comum", Baishi sentia que aquela habilidade não era só sobre lançar redes. Talvez fosse útil no futuro.
[Você pescou com dedicação e teve um insight. Proficiência em Pesca +1]
[Você pescou com dedicação e teve um insight. Proficiência em Pesca +1]
No final da tarde, Baishi havia conseguido pescar três peixes grandes o suficiente para vender como frutos do mar frescos.
E também... uns vinte quilos daqueles que a mula preta zombava de chamar de "filhotes".
Desses, Baishi comeu metade.
Os outros dez quilos ele deu para Hu Weisheng, como uma espécie de "prêmio de consolação".
— Xia, posso te fazer uma pergunta meio indelicada? — Baishi olhou seriamente para Yue Ti Xia.
Depois desses dias juntos, os dois haviam se aproximado muito. Coisas como enxugar o suor um do outro ou segurar as mãos já eram normais.
A garota ainda ficava corada de vergonha, mas não resistia — era dócil e obediente.
Quem teria coração de machucar uma garota tão pura e gentil?
Baishi amaldiçoou mentalmente o infeliz de Hu Weisheng mais algumas vezes.
— Ah? Pode perguntar... mas se for sobre segredos do meu clã, eu... eu... — ela gaguejou.
A mula preta, enquanto tentava usar os cascos para fazer gelo com salitre, ficou fazendo caretas para Baishi.
— Fica tranquila, não vou perguntar nada secreto — ele respondeu. — Só estou curioso. Eu, como praticante de artes marciais, preciso de muita carne para me sustentar. Mas e os poderosos reis demônios? Eles precisam comer milhares de quilos de carne por dia?
Seu olhar ficou estranho.
Yue Ti Xia já havia mencionado seu nível de poder — um pequeno rei demônio.
Já ele era... um pequeno demônio, prestes a se tornar um demônio comum. Mesmo assim, ainda havia uma diferença de um nível inteiro entre eles — o de "grande demônio".
E a mula...
— Ei, tá olhando o quê? Nós, demônios — e até cultivadores humanos — absorvemos energia espiritual diretamente. Quem precisa de comida? Só seu treinamento físico primitivo precisa desse tipo de coisa — a mula ergueu uma placa com desdém.
— É verdade. Exceto pelos demônios mais fracos, a maioria de nós consegue se sustentar só com energia espiritual — Yue Ti Xia explicou, preocupada que Baishi entendesse errado. — Claro, se tivermos carne de alta qualidade, pode ajudar no cultivo, mas nossa tribo nunca fez isso.
Então vocês são todos "imortais" que vivem de ar e orvalho, e eu sou o único brutamontes aqui?
Baishi já tinha tentado sentir essa tal "energia espiritual", mas o único resultado foi uma boa noite de sono — não sentiu nada.
Não sabia se era um "corpo isolante" ou algo assim.
No fim, só restou continuar treinando suas artes marciais.
Quem sabe não conseguia alcançar o caminho divino pela força? Afinal, nesse mundo, até o cultivo imortal era meio capenga — não dava vida eterna.
E para se casar com Yue Ti Xia, ele teria que enfrentar a avó árvore demônio, um problema enorme.
Os dias passaram rápido. Sob os treinos rigorosos da mula e com bastante carne para repor energia, o progresso de Baishi foi impressionante.
[Habilidade: Faca de Forjar o Yuan Nv. 2 (198/200)]
[Habilidade: Passos Divinos Nv. 2 (155/200)]
Já a pesca, por causa das redes constantes, acabou de subir de nível hoje.
[Habilidade: Pesca Comum Nv. 3 (0/500)]
[Efeito: Amado pelo mar, olhos com espírito divino, visão noturna perfeita, redes sempre certeiras]
### Capítulo 11: Procurando Confusão
— O efeito parece bom... — Baishi murmurou, olhando para o rio.
A água, que antes parecia turva, agora era clara como cristal. Ele podia ver cada peixe, cada movimento.
E sua mente parecia mais afiada. Se concentrasse um pouco, via até os pequenos gestos dos peixes, como se o tempo tivesse desacelerado.
Provavelmente era o efeito de [Olhos com Espírito Divino].
— Visão de raio-X? Olhos divinos? — pensou.
Mas quando desviou o olhar para a margem e para Yue Ti Xia, balançou a cabeça com decepção.
A garota, sem entender, sorriu para ele.
A mula preta, por outro lado, ficou em guarda na frente dela.
Seu instinto dizia que aquele moleque não estava pensando em nada bom.
E Yue Ti Xia era ingênua demais...
Baishi fez uma careta e voltou a pescar.
Quanto ao [Amado pelo Mar], ainda não tinha ideia do que fazia.
...
**Vila Yanbian, Rua dos Petiscos**
— Chefe, hoje você veio cedo! Me vê dois pratos de frutos do mar frescos, tô morrendo de vontade!
— Isso mesmo! O seu é o melhor. Aquele velho Zhao lá do lado tentou imitar seu prato de peixe cru, mas só tinha espinha. E ainda me fez correr pro banheiro umas cinco vezes!
Graças ao preço justo de Baishi e ao sabor fresco do peixe cru — perfeito para o calor —, a rua dos petiscos, antes quieta, agora estava cheia de gente.
Cinco moedas por um prato? Até um pãozinho custava três.
Mas quando ouviu que o tio Zhao estava tentando copiar seu prato, Baishi ficou impressionado.
A mula preta revirou os olhos.
Ela conseguia "ver" o quão nojenta era aquela carne crua.
— Graças ao A Zhu, pelo menos não tivemos problemas por aqui — disse Yue Ti Xia.
A mula olhou de lado para Baishi.
Antes que pudessem continuar, um alvoroço tomou conta da rua.
— Sujos plebeus! Seu mestre Yan está aqui! Tragam meu tributo, não pode faltar um único centavo! Se não... hehe!
A voz arrogante era do velho conhecido de Baishi — Yan Lao San, sempre causando confusão.
Baishi olhou com o rosto impassível enquanto a mão esquerda alcançava as costas.
Ali, junto à cintura, estava presa uma faca afiada, daquelas usadas para cortar sashimi.
– Hm, então é por isso que estão se achando tão corajosos... – murmurou.
Dessa vez, o sujeito tinha trazido uma dúzia de capangas.
Todos tinham caras de bandidos, empunhando facões e porretes manchados de sangue seco.
Dava para ver de longe que não eram brincadeira – e pela forma como respiravam, era claro que tinham algum treino em artes marciais.
Só que... pelo jeito, não eram lá grande coisa.
– Porra, acham que só porque se mudaram eu não vou achar vocês? – o líder cuspiu, escarrando no chão.
– Se não fosse nossa academia protegendo essa região, seus miseráveis já teriam virado jantar de demônio! Não teriam essa vida boa de agora!
– E ainda por cima não têm gratidão! Dois taéis de prata por pessoa. Quem não tiver, paga com o corpo!
Os moradores tremiam, as pernas fracas de medo.
Afinal, isso aqui era uma sociedade antiga.
Mesmo que a região do Monte Norte estivesse mais segura por causa de Shikuan, sem tantos ataques de demônios...
Problemas entre humanos? Isso não era problema dele.
Quanto à Aliança Taoísta... Bem, eles estavam ocupados demais—
Entre as famílias nobres brigando por poder e os reis demônios atacando, não sobrava tempo para pequenas aldeias como essa.
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