**Capítulo 1: O Duque**
No Império Tiantou, na cidade de Tiantou, uma casa simples abrigava um jovem de cerca de vinte e poucos anos. Sentado no pátio, ele folheava os livros sobre a mesa com movimentos graciosos, cada traço de sua caneta parecia carregar uma elegância natural. Seu rosto era marcante, com traços bem definidos, mas um ligeiro franzir de sobrancelha lhe dava um ar melancólico.
Alto e imponente, sua postura transmitia segurança, como uma montanha inabalável. O cabelo curto, em tons de cinza-escuro, caía levemente sobre seus olhos azul-acinzentados, profundos como o oceano, repletos de sabedoria e uma calma que parecia enxergar além das aparências.
Naquele continente, cabelos escuros e olhos azuis não eram tão raros, mas ainda assim chamavam atenção. Quando as crianças despertavam seus espíritos marciais aos seis anos, suas características físicas tendiam a refletir o elemento do próprio espírito — como os alunos da Academia Chihuo, todos com cabelos e olhos vermelhos.
Seu nome era Leosli, mas ele não era nativo de Douluo Dalu.
Na verdade, ele nem mesmo era de Teyvat. Sua alma havia renascido no corpo de Leosli, vivendo uma vida semelhante à do original: uma infância sem alegria, traído por quem confiava, abandonado pelos pais biológicos, adotado por pessoas cruéis e, por fim, levado a matá-los. Foi assim que chegou à Fortaleza Meropide, onde conquistou o título de *Duque*.
O motivo de estar ali? Uma erupção do Abismo afetou Fontaine, perturbando as águas primordiais. Apesar dos esforços de Neuvillette, a crise foi grande demais.
No início, ele achou que seria o único forasteiro naquele mundo — até o dia em que viu dois guerreiros invocarem seus espíritos marciais, círculos brilhantes surgindo sob seus pés.
— Douluo Dalu?
Ele ficou surpreso. Havia reencarnado justo *nesse* mundo?
Mas logo aceitou a realidade.
Afinal, ele já desejava abandonar o título de *Duque* e viver uma vida comum.
Agora, talvez tivesse essa chance.
Seu rosto era esculpido como uma obra de arte, com um nariz alto e lábios firmes que denotavam determinação.
O que o fez perceber a verdade, porém, foi o *shake* diário de gosto duvidoso que insistiam em lhe servir.
Ao ver o copo de líquido de aparência questionável, Leosli soltou um sorriso resignado.
Ao seu lado, a enfermeira-chefe o observava com olhos brilhantes, esperando que, dessa vez, ele bebesse até a última gota.
Mas, como sempre, sua mão hesitou entre o *shake* e o chá.
Toda vez que seus dedos se aproximavam do copo duvidoso, a enfermeira sorria.
Mas quando se inclinava para o chá…
Seu sorriso desaparecia.
Era sempre a mesma história.
Dessa vez…
Provavelmente não seria diferente.
A pequena Melusine ficava ali, de braços cruzados, com um olhar severo, como se estivesse julgando cada movimento dele. Seus olhos rubros brilhavam, captando até o menor sinal de hesitação. Por mais que Leosli tentasse disfarçar, ela sempre percebia.
Apesar de já ter passado dos trinta, diante dela, ele ainda se sentia como uma criança tentando escapar do remédio amargo.
Leosli franziu o rosto, reprimindo um suspiro. O gosto daquela bebida era… *memorável*. Amargo, doce e com um toque de algo indescritivelmente ruim.
— Enfermeira… você mudou a receita do *shake*? — perguntou, com um fio de esperança. Será que ela finalmente ouvira suas preces silenciosas?
— Não, por quê? — respondeu ela, sorrindo sem culpa, mas seus olhos afiados não perdiam detalhe.
— Ah, é mesmo… — murmurou ele, resignado.
Engolindo em seco, ele tomou o líquido de uma vez, fazendo careta.
Imediatamente, preparou um chá, cujo aroma suave logo tomou o ar, acalmando seu paladar — e seu espírito.
— O Duque não dormiu bem esta noite? — perguntou a enfermeira, observando-o com preocupação.
Afinal, ela sempre percebia tudo.
— Sim — respondeu Leão, assentindo levemente com a cabeça, seu rosto impassível como a superfície de um lago tranquilo.
— Ouvi dizer que o senhor duque costuma virar noites trabalhando, isso não é nada bom! — disse Sigwen, surgindo-lhe nos lábios um sorriso terno, os olhos cheios de preocupação. Sua voz era suave como brisa: — Agora não estamos em Meropid, até um duque pode descansar um pouco.
— Não estou cansado — respondeu Leão com serenidade. Ele conhecia bem aquela forma de cuidado de Sigwen. Para ele, o processo permanecia inalterado - fosse ainda o mesmo duque de outrora, fosse ainda a mesma dedicação ao dever.
Ao observar a pessoa diante de si, uma corrente de calor percorreu o peito de Leão. Aquela sensação trazia-lhe tranquilidade, um conforto que nem a fadiga mais extrema conseguia abalar.
— Entendo. Mas caso precise de minha ajuda, por favor me avise — insistiu Sigwen com um sorriso.
— Pode ficar tranquila, estou bem — Leão inclinou a cabeça, um leve sorriso surgindo em seus lábios. Ele compreendia: aquilo era genuíno cuidado, não mera formalidade.
O diálogo entre os dois aquecia o ar ao redor. Seus olhares se cruzavam, trocando uma cumplicidade além das palavras. Talvez esse tipo de zelo fosse a verdadeira essência da proteção.
[O autor garante: sem interrupções na publicação. Há rascunhos prontos e a obra está sob contrato!]
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CAPÍTULO 2: Enfermeira-chefe, que tal um passeio?
— Prometo que, se ocorrer alguma situação, lhe avisarei — disse Leão, assentindo com um brilho cálido no olhar.
— Ótimo — respondeu Sigwen, seu sorriso como pétalas a desabrochar. Sabia que Leão era perspicaz o bastante para entender as entrelinhas.
Em Fontaine, quase todos nutriam afeição pelas Melusines - ainda que sua estética divergisse da humana e seu temperamento fosse... peculiar. Muitos as tratavam como crianças.
Para Leão, Sigwen era família. Uma irmã mais nova, embora sua idade real pudesse fazê-la avó dele várias vezes.
— Enfermeira-chefe, que tal um passeio neste dia de folga? — sugeriu Leão, contemplando a luz solar que inundava a janela.
Os olhos rubis de Sigwen cintilaram: — Adoraria! Justamente estava com vontade de explorar a cidade.
Nascidos em Fontaine, raramente tivessem tempo de verdadeiramente conhecê-la. Hoje, descobririam suas paisagens ocultas.
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Andando pela rua principal, pareciam pai e filha.
Leão vestia seu estilo característico de homem rústico, as cicatrizes no pescoço acentuando sua aura imponente. Não fosse a beleza de seus traços, poderiam confundi-lo com um bandido.
Já Sigwen, em vestido azul e branco com sua bolsa em forma de coração, fitas prateadas bailando na cintura, era a própria imagem da inocência a clamar por proteção.
— Bom dia, tia Mily! Seu semblante está radiante hoje.
— Oh, Sigwen! E o senhor duque!
— Bom dia, vovô Ézio! Tomou seus remédios direito?
— Nossa, são vocês! Graças aos remédios amargos da nossa pequena Sigwen, estou ótimo! Venham tomar um chá!
— Agradecemos, mas seguimos nosso passeio — recusou Sigwen gentilmente.
Saudações ecoavam pela rua:
— Dona Cléris, que alegria vê-la tão animada! Bom humor faz bem à saúde!
— Senhorita Fiona, lembre-se: água morna para lavar o rosto, protege a pele!
— Isabela, cuidado com seu temperamento fogoso! Hidrate-se bem!
A recepção calorosa da vizinhança nada devia ao acaso. Nesta terra onde estratégias e desconfianças eram moeda corrente, o respeito por Leão e o carinho por Sigwen nasciam de pura admiração.
A enfermeira conhecia cada morador pelo nome e seus históricos médicos. O duque auxiliava em tudo, de pequenos reparos a grandes demandas.
Curiosamente, o título de "duque" não era oficial - na hierarquia feudal local, Leão não possuía patente nobiliárquica. Seu sobrenome vinha da pronúncia carinhosa dos vizinhos, iniciada por Sigwen.
Seu solar, situado entre barracas de rua, diferenciava-se apenas pelo acabamento mais refinado. Mas quando os cidadãos o chamavam de "duque", era com devoção que poucos nobres recebiam.
Era quase meio-dia quando saíram, as ruas já menos movimentadas. Entre as barracas de artesanato, ninguém estranhava a cauda e chifres de Sigwen - afinal, tirando esses detalhes, ela era quase indistinguível de uma humana. No início causava estranheza, agora, apenas sorrisos.
Este é o continente Douluo!
Quando há dúvida, invoque seu espírito guerreiro.
Se a explicação não convence, é mutação do espírito.
Se o estilo muda demais, os golpes são imprevisíveis.
Não entendeu as cores? Fusão de espíritos!
Se os golpes não bastam, invente novos.
Mesmo que Xígen Wen tratasse todos com gentileza – até os de aparência mais feroz –, seu sorriso sempre surgia no campo de visão dos pacientes, acalmando seus medos e cansaço, levando-os a aceitar o tratamento com tranquilidade.
Ninguém – nem os nobres de Tiandou – conseguia encontrar falhas nela.
Claro, em parte porque evitavam o olhar carregado de Leios Li.
O pequeno pátio onde Leios Li e Xígen Wen viviam ficava de portões abertos o dia todo, facilitando o fluxo de pacientes. Por isso, a rua em frente sempre fervilhava de movimento. Às vezes, apareciam brincalhões tentando perturbar a paz.
Mas, no final, acabavam com os dentes quebrados e eram jogados para fora.
Leios Li não era homem para se enfrentar sem consequências.
O amor que Xígen Wen conquistara vinha de sua bondade, carisma e, claro, de uma beleza de derreter o coração.
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